31.7.07

Algumas notas sobre o Pan


Findados os jogos, algumas considerações sobre o Pan:


- A pira: Foi apagada. Nada mais natural, afinal de contas as chamas são apagadas quando terminam as competições. A novidade é que no Rio a chama se extinguiu antes do fim dos jogos. Na terça-feira (24/07) a chuva apagou a pira pan-americana. É o Brasil inovando nas competições esportivas!


- A pira (2): Em tempos que vemos designers ao redor do mundo realizarem bons trabalhos mesmo sem grandes inovações estéticas, uma (des)agradável surpresa no Rio de Janeiro: Uma pira(foto) de extremo mal-gosto!

“Impactante” é uma boa palavra. Um impacto do tipo “o que é esse pedaço de carro alegórico aí no Maracanã?! Que organização media-boca, nem tiraram os apetrechos da abertura!” Dois dias depois descobre-se que o tal carro alegórico era, na verdade, a pira pan-americana.


- O futebol: O masculino foi horrível como tem sido costume. O feminino foi brilhante como tem sido costume!


- A cobertura: Ah, a nossa fantástica imprensa esportiva... Nada como 96 horas diárias de cobertura para deixar qualquer um pirado! Futsal, natação, tênis de mesa, judô, futebol, basquete, hipismo, vôlei, cerimônias de premiação transmitidas em todos os canais ao mesmo tempo (até nos de mesma emissora), mesas redonda, etc.. Tudo para garantir que todos estivessem no “clima [de insanidade] do Pan”. Claro, tudo isso com um toque nada leve de ufanismo.


- As expectativas: Apesar do clima ufanista e dos bons resultados (54 ouros – 25 a mais que em San Domingo – e um total de 161 medalhas) não se deve deixar iludir. Não se pode esperar para as olimpíadas de Pequim resultados desse nível. Isso por várias razões: O Pan é uma competição menor, vários países vieram com seus times B, competir em casa é sempre um fator importante e (principal e infelizmente) muitos atletas não têm patrocínio e não terão condições de se preparar adequadamente para as olimpíadas vindouras.

- A (des)organização: Entregas das obras com muito atraso (mais de um ano, em alguns casos). Orçamento de R$ 3,5 bilhões, mais de oito vezes mais que o inicialmente previsto.


- A (des)organização (2): O governador fluminense, Sergio Cabral (PMDB), já apresentou projeto de demolição do estádio de atletismo Célio de Barros, bem como do parque aquático Julio Delamare (que recebeu as partidas de pólo aquático no Pan). Nos locais seriam construídas estruturas auxiliares ao Maracanã, tais como shopping e estacionamento. O fato de a pista Célio de Barros servir de local de treinamento para mais de 150 atletas e de as piscinas do Julio Delamare servirem a projetos de inclusão social e à natação de base é, evidentemente, irrelevante!


- A (des)organização (3): O prefeito do Rio, Cesar Maia (Demo), opinou a respeito: “O importante é o funcionamento do Maracanã, com seus Fla-Flus”(!).

O prefeito não quis ficar atrás e também apresentou projetos para as instalações do Pan: "Estamos pensando em criar uma base para que sejam disputados jogos de tênis, além de shows. A natação não é rentável". Assim é que se pretende acabar com o recém inaugurado parque aquático Maria Lenk. Curiosamente, o Maria Lenk fica ao lado do ginásio multiuso, sede da ginástica e do basquete, que poderia facilmente abrigar shows ou partidas de tênis.

Não pense que o prefeito parou por aí. Há algo muito especial esperando o velódromo! Apesar de praticamente inexistirem espaços para eventos de ciclismos no país a idéia é transformá-lo em casa de shows. Obviamente, não há velódromos porque não são necessários! E, bem, equipamentos olímpicos (com piso importado, inclusive) são construídos a qualquer momento em que se ache preciso!


- A (des)organização (4): O presidente do COB e do CORIO, Arthur Nuzman, dizia antes dos jogos que “fizemos um esforço para dar ao Brasil equipamentos de nível olímpico. O que estamos deixando com o Pan é um legado que muda o enfoque do esporte no país.” No mínimo curioso que já se pense em inutilizar os tais “equipamentos de nível olímpico”.


- A (des)organização (5): Para o presidente Lula (PT), “os Jogos Pan-Americanos deram credencial ao Brasil para ser sede da Copa do Mundo e para se candidatar à Olimpíada". Sem dúvidas! O caos com os ingressos, o estouro do orçamento, o destino incerto das instalações, a arena do beisebol destruída foram, não há dúvidas, apenas pequenos acidentes. Não há porque temer a organização de outros eventos no país!


Bem, só algumas notas sobre os jogos. A quem se dispuser há muitas outras para serem feitas...

27.7.07

O Segredo


Apesar do que disse no post anterior, a força das circunstâncias me levou até a locadora. As mesmas circunstâncias colocaram entre os meus filmes uma cópia D’o Segredo (obviamente não locaria tal filme, verás mais adiante o porquê).


Uma vez locado um filme as pessoas em geral o assistem! Apesar da desconfiança em relação ao dito DVD resolvi arriscar. O filme tem 91 minutos, por mim divididos em duas partes. A primeira (cerca de trinta e cinco minutos) extremamente proveitosa, uma vez que serviu de base para escrever esse texto. A segunda (o resto do filme), mais proveitosa ainda, afinal (sabe-se lá porque) o som da TV deixa qualquer soneca mais prazerosa.


Pode parecer com tudo isso que o filme é uma grande porcaria... E é mesmo! A única surpresa que tive foi extremamente negativa. Nunca tinha visto auto-ajuda (!) em vídeo (essa a surpresa), mas não é algo que eu fizesse questão. Ainda assim, se fosse alguma teoria muito bem elaborada, vá lá, mas é – de longe – das mais banais. “Pense positivo” é a palavra de ordem, é O SEGREDO. Caso, pensando positivo, não alcance seus objetivos a culpa é sua (lógico!), que não teve fé suficiente!


Assim se resume O segredo. Ou quase, falta um detalhe sórdido: numa tentativa de conferir-lhe validade, o autor imputa o segredo a algumas personalidades históricas como Platão (ou Aristóteles, não me recordo ao certo), Newton, Beethoven, Einstein, entre outros. No mínimo, lamentável!


Apesar do que pode parecer, nem tudo é ruim. O filme nos alerta, e evita a leitura do livro. Encarar as 198 páginas da versão escrita d’O segredo seria um sofrimento muito maior.

25.7.07

A reabertura do blog ou As férias

Ah! As férias... Delicioso período do ano para o qual contamos os dias para o início e tentamos afastar o máximo possível o final. Finalmente elas chegaram. Finalmente não é preciso preocupar-se com estudos ou trabalho. Finalmente um tempo para a ociosidade. Bem... Aí começa o problema! Pois é, com a falta do que fazer vem o tédio, e aí dá vontade de fazer alguma coisa.


Não sei por que diabos várias pessoas me sugeriram ler um livro. Dado que ao fim dessas férias (que serão mais curtas que o habitual) já terei o bastante para ler, essa idéia foi refutada. A chuva que nos atormenta faz qualquer locadora ficar incalculavelmente longe do inercial conforto do lar. Os jogos pan-americanos desestimulam qualquer um a assistir TV (que já é em si um tanto desestimulante). E por aí vai...


O que interessa disso tudo é que, depois de algum tempo navegando na internet num desses momentos de ócio, pensei mais uma vez em reativar o blog. O diferente é que, ao que tudo indica, dessa vez levarei a cabo essa idéia.


Dito isso, vamos ao que interessa: o blog.


A princípio, a idéia era fazer outro blog, mas isso geraria vários problemas. A começar pelo nome, já que a minha criatividade está permanentemente em férias. Caso uma epifania me ocorresse e um bom nome surgisse, viria o problema do domínio. É impressionante como todos os bons nomes já estão usados no blogspot (e, pra piorar, por blogs desativados há muito tempo). Assim, talvez pela tendência inercial supracitada, ou talvez para não ocupar o domínio à toa, resolvi usar o antigo espaço.


Talvez fosse renitente ao antigo blog pelo nome. Pode-se imaginar com um nome desses que o objetivo é falar de mim, e é notório que a vida alheia não é relevante a ninguém (apesar disso, alguns meios de comunicação insistem em falar a respeito). De todo modo, a idéia é escrever divagações, causos, estórias, idéias – importantes ou não, ou qualquer coisa que dê na telha. Isso não torna o conteúdo do blog mais relevante, mas torna-o minimamente mais interessante (com ênfase no minimamente).


Assim (re)nasce o blog. Evidentemente, seu destino é incerto. Talvez escreva nele por anos, talvez ele não tenha mais que esse post, talvez eu use-o para postar fotos, ou talvez ele tenha um fim não previsto aqui. Quem sabe?


Enfim, o texto já está demasiado longo e, para evitar que fique (ainda mais) enfadonho, concluirei.


Boa leitura!