Findados os jogos, algumas considerações sobre o Pan:

- A pira (2): Em tempos que vemos designers ao redor do mundo realizarem bons trabalhos mesmo sem grandes inovações estéticas, uma (des)agradável surpresa no Rio de Janeiro: Uma pira(foto) de extremo mal-gosto!
“Impactante” é uma boa palavra. Um impacto do tipo “o que é esse pedaço de carro alegórico aí no Maracanã?! Que organização media-boca, nem tiraram os apetrechos da abertura!” Dois dias depois descobre-se que o tal carro alegórico era, na verdade, a pira pan-americana.
- O futebol: O masculino foi horrível como tem sido costume. O feminino foi brilhante como tem sido costume!
- A cobertura: Ah, a nossa fantástica imprensa esportiva... Nada como 96 horas diárias de cobertura para deixar qualquer um pirado! Futsal, natação, tênis de mesa, judô, futebol, basquete, hipismo, vôlei, cerimônias de premiação transmitidas em todos os canais ao mesmo tempo (até nos de mesma emissora), mesas redonda, etc.. Tudo para garantir que todos estivessem no “clima [de insanidade] do Pan”. Claro, tudo isso com um toque nada leve de ufanismo.
- As expectativas: Apesar do clima ufanista e dos bons resultados (54 ouros –
- A (des)organização: Entregas das obras com muito atraso (mais de um ano, em alguns casos). Orçamento de R$ 3,5 bilhões, mais de oito vezes mais que o inicialmente previsto.
- A (des)organização (2): O governador fluminense, Sergio Cabral (PMDB), já apresentou projeto de demolição do estádio de atletismo Célio de Barros, bem como do parque aquático Julio Delamare (que recebeu as partidas de pólo aquático no Pan). Nos locais seriam construídas estruturas auxiliares ao Maracanã, tais como shopping e estacionamento. O fato de a pista Célio de Barros servir de local de treinamento para mais de 150 atletas e de as piscinas do Julio Delamare servirem a projetos de inclusão social e à natação de base é, evidentemente, irrelevante!
- A (des)organização (3): O prefeito do Rio, Cesar Maia (Demo), opinou a respeito: “O importante é o funcionamento do Maracanã, com seus Fla-Flus”(!).
O prefeito não quis ficar atrás e também apresentou projetos para as instalações do Pan: "Estamos pensando em criar uma base para que sejam disputados jogos de tênis, além de shows. A natação não é rentável". Assim é que se pretende acabar com o recém inaugurado parque aquático Maria Lenk. Curiosamente, o Maria Lenk fica ao lado do ginásio multiuso, sede da ginástica e do basquete, que poderia facilmente abrigar shows ou partidas de tênis.
Não pense que o prefeito parou por aí. Há algo muito especial esperando o velódromo! Apesar de praticamente inexistirem espaços para eventos de ciclismos no país a idéia é transformá-lo em casa de shows. Obviamente, não há velódromos porque não são necessários! E, bem, equipamentos olímpicos (com piso importado, inclusive) são construídos a qualquer momento em que se ache preciso!
- A (des)organização (4): O presidente do COB e do CORIO, Arthur Nuzman, dizia antes dos jogos que “fizemos um esforço para dar ao Brasil equipamentos de nível olímpico. O que estamos deixando com o Pan é um legado que muda o enfoque do esporte no país.” No mínimo curioso que já se pense em inutilizar os tais “equipamentos de nível olímpico”.
- A (des)organização (5): Para o presidente Lula (PT), “os Jogos Pan-Americanos deram credencial ao Brasil para ser sede da Copa do Mundo e para se candidatar à Olimpíada". Sem dúvidas! O caos com os ingressos, o estouro do orçamento, o destino incerto das instalações, a arena do beisebol destruída foram, não há dúvidas, apenas pequenos acidentes. Não há porque temer a organização de outros eventos no país!
Bem, só algumas notas sobre os jogos. A quem se dispuser há muitas outras para serem feitas...